Lia Mascarenhas Mena
Barreto, vive e trabalha no Rio Grande do Sul, mas é nome consagrado da
arte contemporânea nacional. Participou das Bienais de Los
Angeles, Havana e do MercoSul.
Fale algo sobre sua vida pessoal.
Moro numa casa/atelier a 45 Km do centro de Porto Alegre. Sou casada com o artista plástico Mauro Fuke há 30 anos. Temos uma filha, Lara, de 15 anos. Aqui há pouco barulho, o céu é bem estrelado, os grilos são muitos, as flores noturnas são perfumadas, muitos sapos, terra, mosquitos, agua de poço, lagartos, aranhas, mariposas e luares intensos. Vivem conosco 2 cães e 2 gatos.
Como foi sua formação artística?
Sou autodidata mesmo tendo passado pela Academia e recebido o título de Bacharel em Desenho pela Universidade Federal do RS.
Você teve formação no exterior, como foi a experiência?
Ganhei uma bolsa/concurso q me deu a oportunidade de trabalhar num Atelier, na universidade de Stanford, na Califórnia-USA ao lado de outros estúdios de artistas americanos. Esse prêmio me proporcionou também viajar pelo país e conhecer museus e ateliers de artistas nas cidades de Nova York, Chicago, Los Angeles, Boston, São Francisco...etc
Que artistas influenciam seu pensamento?
Max Ernest, Magritte, Duchamp, os artistas da Pop Art , do Dadá e do Surrealismo. Os escultures Ingleses dos anos 80 ( Tonny Cragg, Richard Deacon, Antony Gormley, Anish Kappor, Alison Wilding e Bill Woodrow)
Como você descreve sua obra?
Desde os anos 80 venho colecionando/ frequentado/trabalhando nos lugares/universos que descubro. Sou uma exploradora em busca de paixões/tesouros. Meu material é romântico, trabalho com magia, medo, memória, monstros, fadas, rainhas e um universo imenso de brinquedos de plástico, meu bordado medieval é fake, minha cabeça de boneca decepada é um vaso engraçado com plantas felizes.
Como você descreve o mercado de arte no RS?
Meu trabalho sempre foi respeitado aqui no sul, mas nunca teve mercado.
Além dos estudos sobre arte que outros estímulos influenciam em seu trabalho?
O nascimento da minha filha, por exemplo, me estimulou a criar um dos trabalhos mais emocionantes da minha vida " O Diário de Uma Boneca" 1998.
Você tem uma rotina de trabalho?
O trabalho Diário de uma boneca exigiu disciplina para criar uma boneca por dia , mais ou menos no mesmo horário, durante um ano e 1/2. Mas geralmente não tenho rotina, trabalho muitas vezes quando me apaixono por uma causa e não consigo parar de pensar e executar aquela idéia até que ela se esgote. Já o trabalho das cabeças com plantas, por ex, começou em 1998 e não se esgotou até hoje, ainda restam resquícios do movimento ( cuido de umas 6 cabeças que estão na minha varanda ). Em 1998, eu cuidava de umas 40 mais ou menos. .
Qual a importância em participar de uma Bienal?
É uma chance que o artista ganha de obter visibilidade, reconhecimento e aceitação no mercado de arte.
Quais são seus planos para o futuro?
Dar continuidade às minhas histórias, seguir me surpreendendo/ apaixonando/ enriquecendo.
Caminho pelo
centro de Porto Alegre, procuro materiais inusitados nas lojas da rua Pinto
Bandeira e Sr. dos Passos , vou sempre no mercado público comprar castanhas e
óleo de gergelim, vou ao cinema com meu marido, mimo a minha filha, tomo um café
ou almoço com com amigos.
Bonecas/plantas
Boneca/planta
Bordado Barroco
Porcos
Diário de uma
boneca, 1998. O diário começou com a decisão de fazer uma boneca por dia.
Durou pouco mais de um ano. As semanas de bonecas eram criadas e organizadas no
chão do atelier, e um pedaço de esparadrapo era grudado em cada uma sinalizando
a data
Diário de uma boneca
Desenho com lagartixas.
Círculo de Ratos.
Bordado Barroco.
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